Programa Raul & Cia enfoca a violência em cenas de novela
O apresentador Raul Freixes discute cenas de violência em novela e faz enquete entre seus ouvintes sobre o assunto
Embora o assunto que eu vou abordar agora ainda seja considerado um “tabu” entre os homens, não posso ficar alheio aos fatos, principalmente porque é um produto colocado diante dos nossos filhos, em horário nobre da televisão brasileira, ou seja, no horário mais visto e mais caro de uma emissora.
Trata-se da novela “Caminho das Índias”, levada ao ar diariamente pela Rede Globo de Televisão entre 09 e 10 da noite.
Na semana passada, duas cenas da referida novela chocaram a milhares de telespectadores, imagino, pois eram cenas com alto grau de violência para o horário.
O personagem, um jovem de classe média, solicita uma informação a um senhor que passava na rua. Quando o cidadão vem ao seu encontro para atender seu pedido, o jovem saca o extintor de incêndio do carro e dispara contra o rosto do homem. Em seguida, engata a marcha do carro e sai cantando pneus.
Até aí, apenas uma cena do cotidiano, que acontece diariamente por esse Brasil afora. Mas o que de fato chocou foi a cena seguinte. O jovem chega em casa e conta ao pai o que acabara de fazer na rua. Naquele momento, imagino que todos que assistiam a novela esperavam que o pai iria dar a maior lição no filho.
Mas o que se viu na seqüência foi algo repugnante. O pai houve a história, dá gargalhadas e acha o ato do seu filho o máximo. Não satisfeito, ainda chama a mulher para contar o que acabara de ouvir e, juntos, se divertem, como se tudo aquilo apenas mostrasse que o filho “é o cara”, como os jovens dizem por aí.
No outro dia, na seqüência da novela, tudo se repete. O mesmo jovem, desta vez, com um grupo de amigos, espanca violentamente um jovem na rua. As cenas de selvageria eram tão reais que dava a impressão de que se estava assistindo a um telejornal e que o mesmo estivesse mostrando uma briga de rua.
Não vi o final da história, mas, por dedução, imagino a mesma cena dos pais se vangloriando novamente da atitude do filho, e dizendo, “você é o cara”.
É evidente que estamos falando aqui de uma obra de ficção. Entretanto, as crianças não têm o mesmo discernimento dos adultos, ou têm?
Para fechar essa questão, quero dizer o seguinte: o autor de uma novela tem o poder de polícia, de justiça, enfim, o poder de castigar os maus em detrimento dos bons. Mas não foi isso que a autora Glória Perez mostrou. A mensagem que ela deixa para as crianças e jovens com a sua história, infelizmente, é a de que “se tem pais ricos ou sobrenome famoso, tudo pode”.
Bem, e assim caminha a humanidade.
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